diário 26

Volto a esta terra, França, onde nasci e vivi durante 9 anos.
Os meus pais foram emigrantes numa vida cheia de trabalho, humildade e simplicidade.
Andava na escola francesa e aos sábados ia à escola portuguesa pois a minha mãe lembrava-nos, todos os dias, que éramos portugueses. Em casa tínhamos de falar português mas quando estava com os meus irmãos falávamos sempre em francês às escondidas. Afinal, era muito mais fácil.

Na escola francesa diziam: “Olha a portuguesa!”
Quando vim morar para Portugal, aos 9 anos, na escola diziam: “Olha a francesa!”
Afinal, eu não era de lado nenhum.

Creio que veio muito daí esta necessidade de querer encaixar em todo o lado para sentir que tinha valor, que era apreciada, aceite e amada por todos.
A vida ensina-nos, às vezes de forma dura, que temos de ser nós a encontrar o nosso valor. Somente ao descobrirmos e ativarmos a nossa identidade podemos mover a energia no caminho da descoberta do nosso propósito.
Sou mesmo muito grata aos meus pais.

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